Como identificar que o paciente está com sede se ele não reclama?
Durante muitos anos de experiência cuidando e tratando pacientes com restrição hídrica no pré e pós operatório, nos deparamos com uma situação muito comum: o silêncio do paciente em relação a sua sede.
Por que será que um paciente aguardando uma cirurgia e em jejum prolongado não verbaliza espontaneamente que está com sede??? Não seria a sede um alerta para uma necessidade absolutamente básica do ser humano, beber água???
Neste período, muitos mitos, tanto por parte da equipe quanto do próprio paciente, contribuem para que ele sofra desnecessariamente por falta de água. Orientamos o paciente, alertando que se ele beber água, sua cirurgia será suspensa. Além disso, há a preocupação de que possa ocorrer broncoaspiração, o que poderia resultar em complicações graves.
Os estudos mostram que o tempo médio que o paciente fica em jejum no pré operatório é muito maior do que o preconizado pelas evidências científicas. Reforçando, a média que pacientes ficam sem ingerir água gira em torno de 13 horas, chegando a patamares inacreditáveis de 211 horas!
Muitas vezes, o paciente aguardou durante muito tempo para ter sua cirurgia agendada e não deseja, de maneira alguma, correr o risco de tê-la suspensa. Esses equívocos frequentes destacam a importância de esclarecimentos adequados para evitar ansiedades desnecessárias.
Então ele se cala. E só irá verbalizar que está com sede se lhe for objetivamente e claramente perguntado! Como na maioria das instituições de saúde não existem protocolos que orientem a equipe a perguntar se ele está com sede tanto no pré como no pós operatório, ninguém o questiona.
Dessa forma, o paciente continua calado. E com sede. E sofrendo desnecessariamente.
O que fazer diante deste cenário?
Que tal simplesmente… perguntar?
“E aí, você está com sede?”