Imagine que você está assistindo a um jogo de futebol de seu time favorito, às duas da tarde. Aquele calor imenso e você está na arquibancada, em pleno sol. Então passa o tiozinho da cerveja com um isopor com a tampa aberta e você avidamente compra uma cerveja… Mas para seu desespero, a cerveja está somente fria, não gelada! Que triste, não? A chave aqui é que a saciedade pré absortiva é a chave para o alívio da sede.
Por que será que quando estamos com sede, desejamos algo bem, bem gelado?
Recentes descobertas na área de fisiologia sensorial explicam cientificamente esse processo. Existe uma família de receptores em nosso corpo que são ativados a diferentes temperaturas e também alguns produtos. São chamados de família TRP. Um desses receptores (que existem em diversos órgãos) chama-se TRPM8, está presente nas células dentárias e também nas extremidades de dois nervos muito importantes existentes na cavidade oral: o glossofaríngeo e o trigêmeo.
Esses receptores, quando tocados pelo frio ou pelo mentol, se abrem e conduzem informação rapidamente para regiões no cérebro que controlam a sensação de sede! De uma maneira bem simples, podemos dizer que nosso cérebro recebe estímulo semelhante ao que teríamos se bebessemos um copo com água. Só que, os estímulos causados pelo frio e mentol chegam muito mais rapidamente e informam ao nosso cérebro que não estamos mais com sede. Tudo isso sem precisar esperar que a água seja absorvida pelo organismo, assim, a saciedade pré absortiva é a chave para o alívio da sede!
Saciedade pré absortiva e o alívio da sede: Como aplicar na prática clínica?
Por que essa informação é tão importante para a equipe que cuida do paciente com sede? Porque tem uma aplicação clínica importantíssima e até revolucionária! Ao utilizarmos estratégias frias no pós-operatório imediato, por exemplo, podemos saciar precocemente a sede do paciente, mantendo ainda a restrição líquida, simplesmente utilizando um pequeno picolé de gelo ou mentolado!
Viva a cerveja gelada!